Movimentos sindicais e entidades representativas da classe trabalhadora de todo o Brasil realizaram, na tarde da última quarta-feira, 20, ato público em defesa da previdência pública solidária. A manifestação visa impedir que deputados e senadores aprovem a proposta da nova reforma previdenciária que foi enviada esta semana para o congresso.
Em Manaus, o ato aconteceu na praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia) e contou com a participação de sindicatos, inclusive o Sindesep-AM, movimentos populares e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Para os organizadores, o evento marca mais um início de luta em favor dos trabalhadores dos setores público e privado, e da garantia dos direitos já conquistados.
“Essa ‘nova reforma’ da Previdência é mais uma maneira do governo prejudicar os trabalhadores, uma vez que aumenta a idade mínima para aposentadoria, entre outros pontos que desfavorece a classe. Existem trabalhadores de algumas categorias, como da construção civil e a rural, por exemplo, que não conseguem atuar até os 62 anos e antes da aposentadoria são excluídos do mercado de trabalho. Como ficarão essas pessoas? Caso seja aprovada, a população deverá começar a trabalhar ainda na infância para conseguir se aposentar?”, indagou o secretário da CUT, Berenício Lima.
A direção do Sindsep-AM classificou a proposta da nova reforma como um projeto cruel, feito para afetar toda a classe trabalhadora do país. Ainda de acordo com a direção do sindicato, é preciso que a sociedade tenha conhecimento das mudanças propostas e se una aos movimentos sindicais para impedir que o projeto tenha andamento no congresso.
“Precisamos alertar a população sobre o que é uma aposentadoria de capitalização. Esse projeto é o fim da previdência pública solidária, a qual defendemos para garantir o direito dos nossos filhos e netos a terem uma aposentadoria no futuro. Precisamos nos contrapor a essa proposta tão cruel aos trabalhadores”, disse o secretário-geral da entidade, Walter Matos.
O sindicalista destacou, ainda, que a proposta da nova reforma previdenciária mexe com o valor da alíquota de todos os trabalhadores, aumentando a contribuição tanto para os aposentados como os ativos, o que pode representar perdas significativas nos salários. Matos disse que apoia a ideia de greve geral, caso necessário, para barrar a aprovação deste projeto que não atende os interesses dos trabalhadores, mas sim, do capital e da especulação financeira.
“O Chile experimentou a previdência por fundo de capitalização e, em 2017, mais de 1 milhão de pessoas foram para ruas defender a volta da previdência pública solidária. Temos que evitar que o Brasil chegue a esse nível de caos. Vamos realizar mais atos em favor do emprego, em defesa dos trabalhadores, da manutenção da previdência pública e de todos os nossos direitos. Se for o caso, deflagraremos uma greve geral para derrotar essa nova reforma previdenciária”, salientou o secretário-geral do Sindsep-AM.
Na opinião de Matos, a previdência deveria ser paga pelos empresários que causaram um rombo de R$ 450 bilhões no sistema com sonegação de impostos e não pelos trabalhadores da iniciativa privada que nada devem ao governo. O secretário-geral do Sindsep-AM afirma também que outro ponto mentiroso da nova reforma está relacionado à proposta de que quem ganha menos, paga menos. Ele comenta que se essa questão fosse verdadeira, a reforma seria com parametrização, o que não foi proposto, uma vez que vários setores ficaram de fora da mudança, inclusive o Judiciário.
“A reforma proposta tem o objetivo de acabar com a proteção social dos trabalhadores e, principalmente, a proteção social daquelas pessoas que na velhice precisam de uma melhor qualidade de vida, de atenção a sua saúde. Por isso vamos combater essa reforma que não traz nenhum benefício aos trabalhadores e tira o maior patrimônio social da classe”.