Servidores da coordenação regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Manaus se uniram em um ato na manhã desta segunda-feira (5) para pedir justiça aos assassinatos dos indigenistas Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. Neste dia (5), é celebrado o Dia Mundial do Meio Ambiente, mas também é a data em que completa um ano dos assassinatos no Vale do Javari (AM). O protesto também lembrou a morte de Maxciel Pereira, ocorrida em 2019, supostamente também em função de suas atividades no combate a atividades ilegais, na floresta.
A manifestação desta segunda foi organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais no Amazonas (Sindsep-AM) e contou com faixas e um carro de som. Além dos pedidos por justiça, o ato foi também um protesto contra o Projeto de Lei 490/2007 (marco temporal), aprovado na Câmara Federal, e pela criação do Plano de Carreira Indigenista (PCI).
“É preciso que haja justiça nos casos do Maxciel, do Bruno e do Dom, que foram assassinados no trabalho. Os dois primeiros estavam atuando no serviço público. Então, isso precisa ser discutido, especialmente porque mostra a vulnerabilidade em que se encontram esses trabalhadores da Funai”, afirma o secretário-geral do Sindsep-AM, Walter Matos.
No dia 5 de junho de 2022, o servidor da Funai Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram mortos dentro da terra indígena Vale do Javari, no Amazonas – a segunda maior do país. Atualmente, o caso está em andamento na Justiça Federal, com réus confessos pelo crime. Já o caso Maxciel Pereira, morto em 2019, em Tabatinga, segue sem solução até o momento. A suspeita é que tenha sido em razão do seu trabalho na Funai.
Protestos pelos assassinatos estão sendo realizados em diferentes cidades do Brasil e até em Londres, país de origem do jornalista Dom Phillips. “Hoje, é um dia nacional de luta das trabalhadoras e trabalhadores da Funai, cuja pauta é também a reestruturação do órgão, porque o abandono dos servidores, a exposição à insegurança é um sintoma do desmonte sofrido pela Funai”, pontua Matos.
Em uma das faixas estendidas no evento havia críticas ao marco temporal, aprovado por 324 votos a favor e 131 contra na Câmara Federal, na semana passada. A teoria diz que os indígenas só terão direito a uma terra se provarem que estavam no local no dia 5 de outubro de 1988, quando a Constituição Federal foi promulgada.
“Isso é uma violência legalizada contra os povos indígenas, é um ataque legalizado pela Câmara Federal e vamos tratar de barrar isso. Primeiro os indígenas são expulsos de suas terras e depois precisam provar que estavam lá quando a Constituição foi promulgada? Isso é uma violência”, afirma o secretário-geral.