Os servidores públicos federais, assim como todos os brasileiros, estão sofrendo com a alta inflacionária e congelamentos salariais. Em termos de economia, o Brasil encontra-se em uma situação ainda pior do que na década de 1990 quando a inflação estava descontrolada e os salários estagnados durante o governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Com os preços dos alimentos subindo mês a mês, as idas aos supermercados já viraram um tormento para a grande maioria da população.
Puxada pela alta dos combustíveis, a prévia da inflação do último mês de abril registrou a maior alta para o mês desde 1995, com a taxa no acumulado em 12 meses chegando a 12%. E a tendência é de piora. Nessa terça-feira (10), o diesel sofreu um novo reajuste (8,87%).
Não é à toa que os servidores do Executivo reivindicam uma recomposição salarial emergencial de 19,99%. Apesar da grande maioria dos servidores federais está há mais de cinco anos sem reposição inflacionária de seus salários, o percentual é referente apenas às perdas inflacionárias de um período de três anos de governo Bolsonaro.
“Mas o presidente Jair Bolsonaro ventila, pela imprensa, a possibilidade de conceder uma reposição aos servidores federais de apenas 5% em mais um flagrante desrespeito com a categoria. Não podemos aceitar esse escárnio. Apenas com a mobilização de todos podemos reverter essa situação”, destacou o coordenador-geral do Sindsep-PE, José Carlos de Oliveira.
E o mínimo?
Essa semana ficamos sabendo que Jair Bolsonaro baterá um novo recorde. Negativo, claro. Ele será o primeiro presidente a terminar seu mandato, desde o Plano Real, deixando o salário mínimo valendo menos do que quando entrou. Nenhum governante neste período, seja no primeiro ou segundo mandato, entregou um mínimo que tivesse perdido poder de compra. Pelos cálculos da corretora Tullett Prebon Brasil, a perda será de 1,7%.
Descontada a inflação, o piso salarial cairá de R$ 1.213,84 para R$ 1.193,37 entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022. Isso, se a inflação não acelerar mais do que o previsto pelo Banco Central. O que é bem provável que aconteça.
Importante lembrarmos que o desemprego atinge mais de 12,5 milhões de brasileiros e muitos dos trabalhadores que fazem bicos sequer atingem o piso salarial.
Regalias de Bolsonaro
Enquanto vivemos em um país de inflação, congelamento de salários, desemprego e fome, o presidente Jair Bolsonaro coleciona regalias de um milionário. Apenas entre os dias 1º de abril e 5 de maio, a conta do seu cartão corporativo foi de R$ 4,2 milhões.
Do total, R$ 2.894.851,20 são de despesas da Secretaria Especial de Administração da Presidência da República. Ou seja, despesas diretas com o presidente.
Outros R$ 933.789,24 estão ligados à Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e R$ 380.229,72 ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional). Dois órgãos que vêm sendo investigados por estarem envolvidos em ações para conturbar as próximas eleições presidenciais.
Inquérito da Polícia Federal mostra que o general Luiz Eduardo Ramos e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), ligada ao Gabinete de Segurança Institucional chefiado pelo general Augusto Heleno, atuaram na busca de informações contra as urnas eletrônicas desde 2019. Ou seja, o dinheiro público, pago pelo contribuinte, pode estar sendo utilizado para promover um ataque à democracia brasileira.
Além do seu cartão corporativo, Bolsonaro recebe um salário de R$ R$ 41,6 mil. O seu salário ultrapassa o teto constitucional que é de R$ 39.293,32. Isso porque o presidente editou uma medida provisória beneficiando a si próprio, ao vice-presidente, Hamilton Mourão, e a vários de seus ministros. Com a nova regra, alguns ministros tiveram ganhos de até 69%, com pagamentos mensais que ultrapassam os R$ 66 mil.
Sindsep-PE