A pandemia do coronavírus – que obriga todos a uma quarentena sem data para terminar – expõe uma crise que é da humanidade.
Na Itália, terceira economia da Europa, médicos são obrigados a escolher quem vai viver. Em Guayaquil, cidade mais rica do Equador, corpos são abandonados nas ruas. Na França, médicos e enfermeiros denunciam a falta de máscaras, luvas e medicamentos básicos. Nos Estados Unidos, principal potência mundial, o número de infectados explodiu e o número de mortos já é o maior do mundo: em Nova York, empilhadeiras colocam cadáveres em caminhões frigoríficos.
O surgimento do vírus é um acidente, mas a catástrofe humanitária que seguiu-se a ele tem responsáveis. Em cada um desses países a política de “austeridade fiscal” veio desmantelando e degradando os serviços públicos em geral. E o enorme buraco que agora se enxerga na saúde é do tamanho das verbas que foram cortadas para pagar o estouro da bolha financeira de 2008.
A crise atual já se preparava, ela foi apenas precipitada pelo coronavírus. Crise econômica, política e social, fruto de uma economia baseada na especulação financeira que abre um abismo de desigualdade: de um lado está uma minúscula elite de superbilionários; de outro está uma massa de trabalhadores deserdados e mais os diversos extratos da classe média – dentro da qual os servidores públicos.
No Brasil, desde 2016, com o falso pretexto de “gerar empregos”, acelerou-se brutalmente a retirada de direitos dos trabalhadores. Nós vimos o que foi gerado: milhões de precarizados, subempregados, desempregados, todos trabalhadores, cinicamente chamados de “empreendedores”.
A pandemia encontrou um governo brasileiro que em vez de proteger o povo e a nação viajou aos Estados Unidos e aqui desembarcou com 22 infectados, ajudando a propagar a doença, particularmente em Brasília!
Jair Bolsonaro fez chacota da situação, contrariou orientações sanitárias dos técnicos e cientistas da área de saúde, divulgou mentiras e fake news, editou medidas para favorecer empresários e prejudicar os trabalhadores, seu governo cria obstáculos para distribuir a pequena renda mínima emergencial de três meses para os milhões de informais, que são os mais vulneráveis à contaminação.
Tudo o que Bolsonaro faz mostra que ele é o maior empecilho ao enfrentamento da crise sanitária, econômica e social. Ele não tem condições de presidir a nação, não é possível adiar a luta pelo fim do seu governo. Não por acaso, de norte a sul, o Fora Bolsonaro é o que mais se ouve nos panelaços – manifestação possível na quarentena!
É no SUS – tão atacado e tão sangrado, inclusive pelo atual Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que sempre teve sua gestão voltada para os interesses do mercado de saúde privada, é nos serviços de combate às endemias, é nos laboratórios, hospitais, institutos e universidades públicas que o povo pode buscar algum apoio para enfrentar a situação.
A política que destrói os serviços públicos e que nos deixou vulneráveis à pandemia precisa mudar, com o fim desse governo e, depois, quando as condições permitirem, com ampla reforma das instituições.
De fato, não é apenas Bolsonaro. É todo seu governo e também o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que pretendem que os servidores e empregados públicos precisam “fazer sacrifícios” para pagar os custos da crise.
Tentam jogar os trabalhadores do setor privado contra os servidores públicos dizendo “como vocês perderam salário os servidores públicos também têm que perder”.
É mentira! Eles não querem proteger o trabalhador do setor privado e os informais. Eles querem proteger os rentistas, financistas e bilionários e por isso tentam jogar os trabalhadores uns contra os outros para barrar nossa união.
Junto com nossos sindicatos filiados e com a CUT, a Condsef/Fenadsef vai lutar para que o estado dê a necessária assistência social aos milhões jogados na miséria pela política desse governo e, ao mesmo tempo, vai lutar frontalmente contra todo e qualquer corte de salários e direitos dos servidores e empregados públicos.
São os especuladores nacionais e internacionais que têm que pagar pela crise. Em escala mundial apenas dois mil bilionários detêm dois terços da riqueza de toda a humanidade. No Brasil, um dos países mais desiguais do mundo, 1% desses bilionários concentram uma renda igual à de mais de 100 milhões de brasileiros.
Até mesmo do ponto de vista econômico é criminoso retirar do mercado o salário de trabalhadores, de qualquer setor da classe. Porque o salário vai sempre para o consumo, movimentando a economia. Já o dinheiro entregue aos especuladores é entesourado, agravando ainda mais a espiral da crise e dificultando a retomada depois da pandemia.
A Condsef/Fenadsef, por intermédio dos seus sindicatos filiados, presta particular assistência aos trabalhadores do serviço público que estão na linha de frente do enfrentamento ao coronavírus. Desde a exigência de Equipamentos de Proteção Individual, capacitação técnica e condições seguras de trabalho até a preservação da integralidade de todas as verbas salariais. O mesmo vale para todos os demais, inclusive os que estão em teletrabalho: nenhum centavo a menos nas folhas de pagamento!
A vida vem sempre em primeiro lugar! Na crise sanitária, cada um estará protegido somente se todos estiverem protegidos!
Nas condições em que o necessário isolamento social impossibilita a realização de reuniões presenciais, as instâncias da Condsef/Fenadsef estarão mobilizadas por meios virtuais para continuar seu trabalho em defesa dos servidores e empregados públicos de todo o país.
Mais do que nunca, defender o serviço público e as estatais é defender a nação brasileira!
Diretoria Nacional da Condsef/Fenadsef