Servidores do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) denunciaram à direção do Sindsep-AM que o governo federal planeja fechar o distrito do órgão em Manaus (AM), junto de outras três unidades no país. A previsão é que a instituição seja desativada em setembro, por isso, as trabalhadoras e os trabalhadores recorreram ao sindicato para enviar pedido de ajuda a parlamentares em Brasília (DF) e à Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), a fim de impedir a medida.
Nesta quinta-feira (30), os servidores escreveram um relatório que detalha os recentes acontecimentos envolvendo o órgão. Uma das principais críticas feitas pelos trabalhadores é o fato de nem a própria ameaça de fechamento ter sido oficializada em um documento. “Não tem nenhum ofício, nada. Apenas o nosso chefe do distrito foi chamado para uma reunião virtual, no dia 1º de junho, e foi avisado que a nossa unidade ia ser fechada. Disseram ainda a ele que os servidores poderiam pedir aposentadoria ou transferência para outro órgão da administração federal”, conta a auxiliar de meteorologia Varlinda Pantoja, servidora do Inmet há 42 anos.
A sede do 1º distrito fica em Manaus, mas atende, além do Amazonas, também aos estados do Acre e Roraima. Segundo Varlinda, os servidores não receberam uma justificativa oficial ou um estudo que embasasse as mudanças, apenas foram informados que todas as estações meteorológicas nos três estados passarão a responder, agora, à coordenação do Inmet em Belém (PA).
Perda regional
Para o auxiliar de meteorologia Elias Correa, há 40 anos no Inmet, o fechamento do distrito em Manaus representa uma grande perda para à região. “Temos muitas questões de logística, apoio e inspeção envolvidas. Atendemos 28 estações em três estados, e a existência do distrito é fundamental, porque essas áreas estão isoladas geograficamente”, comenta.
O relatório produzido pelos servidores aponta para o mesmo problema, ou seja, que a logística diferenciada da região poderá ser prejudicada, gerando déficits de informação para a segurança dos estados atendidos pelo 1º distrito. Segundo o documento, é necessário que as observações meteorológicas sejam feitas “com o máximo de precisão e de honestidade”.
“Na maioria das estações citadas, só se tem acesso por via aérea e fluvial, e sempre partindo de Manaus, com distâncias que duram até 5 dias de viagem, levando muitas vezes torres de aço e equipamentos de manutenção, o que seria quase impossível ao fazer isso de outro estado”, conclui o relatório.
Trabalhadores em risco
Ao anunciar o fechamento do distrito em Manaus, o governo deu como solução a aposentadoria ou transferência dos servidores para outros órgãos. No entanto, segundo os trabalhadores do Inmet, o fechamento também acarretará o fim do pagamento da Gratificação do Instituto Nacional de Meteorologia (Geimet), um direito dos servidores que varia de R$ 874 a R$ 1.287, o que tem força para gerar grandes perdas.
Além disso, há trabalhadores terceirizados que atuam no Inmet. Para eles, não houve qualquer menção de suporte a possíveis demissões. “Estamos muito preocupados, porque muitos de nós temos mais de 10, 12 anos de serviço. Não temos nenhuma informação sobre o que vai acontecer com a gente”, relatou uma trabalhadora que preferiu não se identificar.
O relatório dos servidores, enviado ao Sindsep-AM, será enviado também à Secretaria de Desenvolvimento de Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pasta a qual o Inmet é subordinado. Com isso, os trabalhadores esperam saber mais informações sobre o fechamento do distrito, como cronograma de implementação e impactos; e a possível reversão da medida.