A inflação segue em ritmo acelerado no país, como mostraram os resultados do IPCA e do INPC divulgados na última sexta-feira (8) pelo IBGE. Nos dois casos, foi rompida a marca dos dois dígitos, somando 10,25% e 10,78% em 12 meses, respectivamente. O governo tenta se eximir afirmando que a inflação é mundial, mas tem responsabilidade, como afirma o diretor adjunto do Dieese, José Silvestre.
Em entrevista a Glauco Faria, na edição desta segunda (11) do Jornal Brasil Atual, Silvestre observa que os dados do IBGE mostraram uma “repetição” do que vem ocorrendo nos últimos meses. As pressões vêm, principalmente, da tarifa de energia elétrica e dos combustíveis, com influência dos preços das commodities no mercado internacional. “Você tem o câmbio que também contribui para a elevação de alguns preços internos, particularmente derivados de petróleo”, comenta o economista.
O governo fala em fenômeno mundial, mas o apresentador lembra que a inflação brasileira é a terceira pior, segundo projeção para 2021 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “É óbvio que o governo é responsável pela elevação da inflação”, rebate Silvestre. Até mesmo declarações do presidente da República contribuem para proporcionar mais impacto na taxa de câmbio.
Ele também ironizou fala recente do presidente em sua live semanal, em que comparou preços e produtos no Brasil com Estados Unidos e Europa. Caso, por exemplo, da carne moída, citada no programa. “Onde você vai achar patinho ao preço de 15 reais?”, pergunta Silvestre. Sem contar a questão da renda do trabalho, que vem perdendo para a inflação. Os preços da cesta básica também continuam subindo, enquanto o salário mínimo perde seu poder de compra.
No caso do INPC, é ainda mais preocupante, porque o índice reflete o custo para famílias de menor por aquisitivo, com renda de até cinco salários mínimos. Silvestre lembra que, “por efeito estatístico”, há uma tendência de a inflação terminar 2021 com índice anualizado abaixo dos dois dígitos. Mas certamente na maior taxa acumulada em muitos anos. Em 2020, por exemplo, o IPCA fechou em 4,52%.
Assista à entrevista:
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Rede Brasil Atual