Em meio a uma enxurrada de ataques que desestabilizam e desvalorizam cada vez mais a ciência e a tecnologia no país, neste dia 29 de outubro, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) completa mais um ano se equilibrando entre a vontade e o desejo de fazer e a falta de estrutura para realizar sua missão. Uma lastimável realidade.
Criado em 1952, pelo Decreto nº 31.672, do presidente Getúlio Vargas, sua implantação só ocorreu de fato em 27 de julho de 1954, e significou um salto no conhecimento da Amazônia, cuja complexidade desafia e encanta pesquisadores de todo o planeta até os dias de hoje.
Ao longo dos anos, vem realizando estudos científicos do meio físico e das condições de vida da região amazônica para promover o bem-estar humano e o desenvolvimento socioeconômico regional. Um orgulho para seus servidores e para todos aqueles que de fato acreditam no poder da pesquisa e da ciência.
Mas o INPA, cuja excelência na área de biodiversidade é reconhecida em todo o mundo, hoje agoniza ferido de morte por cortes e mais cortes no seu orçamento. Uma sangria da senha dos que negam a importância da ciência e renegam a grande contribuição desse órgão para o desenvolvimento regional e nacional.
“Infelizmente, não há o que comemorar, visto que o atual governo chancela o maior desmonte já sofrido em toda a história do sistema de C&T no Brasil, a exemplo do último corte de R$600 milhões feito no orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia para o ano de 2022”, comenta o secretário geral do Sindsep-AM, Walter Matos.
Sem verbas e sem concurso para repor o quadro do Inpa, o órgão está se afundando na decadência. “Hoje, o Inpa carece de um concurso que possa preencher 40% das vagas por servidores que se aposentaram e por outros que estão em abono de permanência”, destaca Matos.
Competência e dedicação
Mesmo em meio a toda essa crise, a direção do Sindsep-AM acredita que é preciso falar dos competentes servidores que ao longo das últimas décadas deram os melhores anos das suas vidas para aumentar o conhecimento sobre o mundo que nos cerca e propor soluções para os problemas do Bioma Amazônico.
“O resultado de todo esse esforço só pode ser vislumbrado com investimento público, e só terá continuidade com investimento público. Afinal, ciência e tecnologia não são gastos. São investimentos em inovação”, afirma Walter Matos.
Segundo o secretário geral do sindicato, é uma ilusão acreditar que com o projeto de Reforma Administrativa contido na PEC 32 possa-se melhorar algo neste setor. Ao contrário. Só vai piorar e exterminar de vez a ciência brasileira. Outra mentira é dizer que o setor privado vai alocar centenas de milhões de reais em um projeto de pesquisa que só terá resultados práticos em décadas.
“Os cortes do governo federal no investimento em Ciência e Educação são um crime contra o presente e o futuro do país. Chega de sermos o país do futuro! Está na hora de sermos o país do presente!”
Ele destaca ainda que “recursos naturais nós temos! Excelência em pesquisa nós temos! Se pararmos de direcionar os recursos públicos para a rolagem da dívida e pararmos de exportar nossos produtos a preços de banana, teremos também dinheiro para transformarmos nosso país no Brasil que queremos”.