Desde o golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff, os estoques de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, vêm caindo, até chegar a um nível próximo de zero. Embora difícil de mensurar, isso causa impacto nos preços, por reduzir a oferta. Em momento de alta da inflação e nos preços dos alimentos, o país abriu mão de um instrumento que poderia ajudar a reduzir essa pressão, revela matéria da RBA.
“Foi o que aconteceu no ano passado, por volta de setembro, quando houve aumento de preços de alguns de produtos, como arroz, soja (derivados) e outros, provocado pelo câmbio, de um lado, e de outro, pelos baixos estoques reguladores”, lembra o diretor técnico adjunto do Dieese, José Silvestre. Esse processo de desmonte, acrescenta, que começou no governo Michel Temer, foi aprofundado no atual.
Estoques reguladores
O Boletim Especial de 1º de Maio do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) já alertava para este problema. De acordo com o boletim, foram fechados 27 armazéns da Conab), que além de responsável pelos estoques é a principal compradora de produtos da agricultura familiar.
“A Conab existia para um momento de crise, para ajudar a evitar a carestia dos alimentos, mas os estoques reguladores foram diminuindo tanto que agora não conseguem ajudar a população a pagar mais barato pela alimentação”, disse ao Portal CUT, Gustavo Monteiro, economista e um dos técnicos do Dieese que elaborou o boletim especial de 1º de Maio.
Sinal para o mercado
À RBA, o ex-diretor da Conab, o pesquisador Silvio Porto observa que a capacidade de baixar preços por intervenção do governo está relacionada justamente ao volume de estoque público. “Às vezes, só o fato de ter o volume estocado representa um sinal de atenção por parte do mercado, (no sentido de) que esse governo não vai titubear caso seja necessário em disponibilizar esse produto para o mercado”, diz Porto, atualmente professor na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB).
Outro fator que ajuda a aumentar o drama da fome é a redução de recursos destinados à compra de produtos, no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que beneficia a agricultura familiar, que caiu de quase R$ 587 milhões, em 2012, para R$ 41,4 milhões, em 2019, primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro.
Confira aqui a íntegtra da matéria do jornalista Vitor Nuzzi, da RBA.
Portal CUT