O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta quinta-feira (23/6), que o funcionalismo público não pode colocar “a faca no pescoço” porque o governo federal negou reajustes em 2022.
“Alguns se revoltaram comigo: ‘Ah, não vai dar reajuste esse ano’. Pô, vê como é que está a economia. Me aponta onde tem dinheiro que eu dou agora o recurso. A solução é fazer greve, estão preparando. Bem, não adianta botar a faca no meu pescoço, não tem”, disse Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
“É o filho que o pai está desempregado pedindo uma bicicleta no Natal. Não tem. Por mais que ele mereça”, comparou. As declarações foram registradas em vídeo por um canal bolsonarista.
Bolsonaro ainda lembrou que fatores externos dificultaram na questão.
“O cara tem que entender. Deu uma crise da Covid, gastamos R$ 700 bilhões só naquele ano, R$ 700 bilhões. Veio uma crise hídrica no ano passado e uma guerra lá fora que influência no preço dos combustíveis, somando com a ganância da Petrobras”, argumentou.
Reajuste linear
O governo federal analisava a possibilidade de conceder um reajuste linear de 5%, mas os pedidos de reestruturação de algumas categorias geraram empecilhos adicionais.
A ideia inicial do governo era direcionar os recursos para agentes da Polícia Federal (PF), da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A equipe econômica, na época, manifestou-se contra a medida, sob o argumento de que a concessão de reajuste poderia gerar pressões de outros setores do funcionalismo.
Foi exatamente o que aconteceu. Com a expectativa de que apenas forças policiais recebessem o montante, outras categorias reagiram, o que levou o governo a temer greve geral em pleno ano eleitoral, quando o presidente Jair Bolsonaro tentará mais quatro anos à frente do Planalto.
Algumas categorias, como as de servidores do Banco Central, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP) e da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF), já mobilizaram movimentos para pressionar o governo.
O reajuste custaria quase R$ 7 bilhões – o que, segundo Bolsonaro, iria exigir cortes em vários ministérios e “atrapalhar o funcionamento do Brasil”.
O Executivo tem frisado que tanto uma reestruturação nas carreiras quanto reajustes salariais estão previstos no orçamento do próximo ano.
Metrópoles