O mês de novembro, que marca o mês da Consciência Negra, começou trazendo de volta o eterno debate sobre a forte estrutura machista enraizada em nossa sociedade. O caso de Mariana Ferrer, que teve cenas de uma audiência do julgamento de caso de estupro em que foi vítima, indignaram milhões pelo Brasil. Nas redes sociais o assunto foi destaque com as hashtags “justiça para mari ferrer” e “não existe estupro culposo”. A humilhação sofrida por Mariana por parte do advogado de defesa do acusado, André Aranha, foram comentadas até mesmo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que considerou as cenas estarrecedoras. É o comitê temático de mulheres que reabre a roda de conversa na próxima segunda, dia 9.
A Secretaria de Gênero, Raça, Juventude e Orientação Sexual da Condsef/Fenadsef convida as entidades filiadas e servidores e servidoras da base em todo o Brasil a participar dos encontros que acontecem sempre entre 18h e 20h pela plataforma Zoom. O link é enviado no dia da realização da atividade.
Para a diretora da pasta, Erilza Galvão, a participação nessas rodas de debate pode melhorar. Em outubro a participação foi aquém do potencial e ampliar o diálogo sobre questões conjunturais que refletem o machismo, racismo, homofobia e desprezo pela população em situação de vulnerabilidade, na vida e no mundo do trabalho, é também fortalecer a luta de toda a classe trabalhadora.
Desafios
O diálogo entre direção e base da Condsef já explicitou uma série de questões e desafios centrais em todos os comitês temáticos. As dificuldades de sensibilizar as direções sindicais e abrir espaço para mais debates dessa ordem foi uma delas. Outro desafio está em incluir pautas de ação sindical e um projeto político ligado as questões centrais para transformar todo o discurso contra discriminação, machismo, preconceito e outras mazelas em ação efetiva transformadora da realidade.
Todos os comitês temáticos se preocupam em pensar estratégias de como planejar, propor e executar ações afirmativas que contribuam para diminuir as desigualdades, primeiro na gestão das entidades para que os movimentos ganhem força e se ampliem. “Compreendemos que as pautas indentitárias contribuem diretamente para a compreensão de toda nossa luta de classes”, destacou Erilza.
É claro que trazer luz para situações que estão em destaque são importantes para dar visibilidade aos movimentos de luta. Mas os comitês tem a clareza de que os desafios e obstáculos são diários. Refletir portanto ações sindicais envolvendo esses temas deve ser postura permanente. As ‘Segundas da Igualdade’ vem ajudar a dar passos importantes nessa direção. “A invisibilidade das demandas temáticas ainda é uma questão sensível e uma lacuna no nosso movimento que precisamos sanar”, pontuou a diretora de Gênero, Raça, Juventude e Orientação Sexual da Condsef/Fenadsef.
Sensibilizar para ampliar
A primeira rodada de debates também trouxe como consenso a importância de sensibilizar mais trabalhadoras e trabalhadores para o diálogo. Frente a uma conjuntura adversa, conservador e opressora, atrair, sensibilizar, debater e fortalecer a visibilidade dos comitês e suas lutas é prioridade ainda para esse ano.
O objetivo é seguir atuando em 2021, ampliando frentes, incluindo participação em agendas temáticas da CUT e da ISP e buscar contribuição do Dieese para que um diagnóstico do serviço público abordando recortes de gênero, raça, geração e orientação sexual seja produzido. “Há muito trabalho pela frente e situações que indignaram milhões como o caso Mariana Ferrer acontecem com uma frequência estarrecedora em nosso país”, lembra Erilza. “Para que vivenciemos um Brasil mais justo e plural o trabalho que desenvolvemos com esses comitês temáticos é fundamental. Portanto, convidamos a todas e todos de nossa base a participar da roda de conversa, todas as segundas desse mês de novembro. Todos e todas são bem-vindos”, acrescentou.
Confira as datas dos encontros em novembro:
MULHERES – dia 9
RAÇA – dia 16
JOVENS – dia 23
LGBTQI+ – dia 30
Condsef/Fenadsef