Servidores da Funai se uniram em homenagens e protestos na noite dessa quarta-feira (15), em Brasília. A categoria está inconformada com as notícias que apontam a confissão de dois irmãos ligados a pesca ilegal que estariam envolvidos no assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips, desaparecidos desde o dia 5 de junho. A morte do indigenista, servidor licenciado da Funai, e do jornalista britânico teria acontecido no mesmo dia do desaparecimento, marcado pelo Dia Mundial do Meio Ambiente.
Bruno e Dom tentavam levar até a polícia provas contra crimes ambientais cometidos na região do Vale do Javari, segunda maior terra indígena do país. Em meio a cobrança por mais segurança e garantias de condições de trabalho, servidores da Funai realizam uma plenária nacional nessa sexta-feira (17), a partir das 9 horas pela plataforma Zoom.
Na noite dessa terça (14), a Justiça Federal acolheu um pedido da Defensoria Pública da União (DPU) obrigando a Funai a atender reivindicações urgentes apresentadas pelos servidores. Entre as demandas está a providência imediata de medidas de seguranças pública aos servidores e povos indígenas lotados no Vale do Javari (AM), onde Bruno e Dom desapareceram. Em 2019, na mesma região, o indigenista Maxciel dos Santos foi morto a tiros em frente a esposa e a filha num crime nunca solucionado.
Injúrias não serão toleradas
Além disso, a Justiça ainda determina que a Funai não adote comportamento que ataque a integridade de Bruno e Dom, ato considerado “atentatório à dignidade” dos desaparecidos. A DPU destacou a nota publicada pelo órgão, em que a Funai diz que Bruno e Dom não teriam autorização para ingressar em terra indígena, fato já devidamente desmentido e esclarecido. A nota da Funai foi considerada uma violação aos direitos humanos. Os servidores exigem retratação assinada pelo presidente Marcelo Xavier.
Em uma entrevista a jornalista Leila Nagle o próprio presidente Jair Bolsonaro desmereceu o jornalista britânico afirmando que o inglês “era mal visto na região”. Insinuações de que Bruno e Dom estavam envolvidos em uma “aventura” são veementemente rechaçadas. Já foi comprovado que nenhuma irregularidade foi comedida na ação.
Plenária vai debater ampliação da mobilização
Na plenária nacional dessa sexta os servidores devem discutir os próximos passos na mobilização da categoria que vem crescendo. Além das reivindicações urgentes, a categoria denuncia o descaso e desmonte do órgão e cobra reivindicações já apresentadas. Diálogo e negociação seguem sendo buscados, mas o desgaste e cansaço com o verdadeiro descaso do governo Bolsonaro estão presentes nos relatos da maioria.
Condsef/Fenadsef