O presidente Jair Bolsonaro voltou a enviar recado aos servidores públicos que ele considera “revoltados” por não ter reajuste salarial neste ano. Em conversa com apoiadores no cercadinho do Palácio da Alvorada na última quinta-feira (23), o presidente chegou a comparar a indignação da maioria dos servidores, com salários congelados há mais de cinco anos, a de um filho revoltado por não receber o presente escolhido no Natal. “É o filho que o pai está desempregado pedindo uma bicicleta no Natal. Não tem, por mais que ele mereça”, comparou.
“É no mínimo uma comparação esdrúxula, mas que retrata bem o desrespeito desse governo para com os servidores desde o seu primeiro dia”, comentou o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva. “Sim, seguimos revoltados com todo o desmonte, o desrespeito com servidores e os ataques sistemáticos desse governo aos direitos da população a serviços públicos”, reforçou o secretário-geral.
Jornada de Luta em Brasília
Entre os dias 4 e 7 de julho servidores vão promover mais uma Jornada de Luta em Brasília. As atividades incluem vigílias, recepção a parlamentares e força tarefa pela recomposição dos orçamentos, reposição salarial, negociação coletiva e contra as privatizações.
Sobre os motivos de não conceder os 5% que ele e até mesmo seu ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciaram como possível para 2022, Bolsonaro recorreu à pandemia de Covid-19, a guerra na Ucrânia e a “ganância da Petrobras” como justificativas. O presidente voltou a declarar: “Me aponte onde tem dinheiro que eu dou”.
“A ponte” da destruição
Para entidades representativas dos servidores públicos só não terá reposição salarial porque Bolsonaro não quer. Na Lei Orçamentária, foram destinados R$ 37,6 bilhões para emendas parlamentares, dos quais R$ 16,5 bilhões são do “orçamento secreto”, além de R$ 2 trilhões para pagar os juros da dívida pública. “A ponte de Bolsonaro é somente uma: a ponte da destruição. Destruição dos serviços públicos, direitos dos trabalhadores, qualidade de vida da população brasileira. É rumo ao retrocesso”, aponta Sérgio.
A realidade da política implantada para o setor público nesse governo é a de arrocho salarial, menos concursos e sucateamento do serviço público. O governo Bolsonaro atingiu a menor marca da história em gasto com pessoal e pretende reduzir ainda mais.
Para os que acompanham a saga de idas e vindas e promessas vazias sobre reajuste para o funcionalismo, as declarações não chegam a representar uma surpresa. “Promessas infundadas se respondem na rua, na luta e na urna. É o que os servidores devem fazer”, diz Sérgio.
Para o secretário-geral da Condsef/Fenadsef o foco dos servidores federais deve continuar sendo o de defender os serviços públicos brasileiros. “Queremos resgatar políticas públicas, concursos públicos, resgatar direitos”, defende.
Condsef/Fenadsef