Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios podem entrar em greve no final deste mês de janeiro. Isso porque a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) decidiu ignorar decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e aumentou a coparticipação dos servidores de 30% para 50% no custeio do plano de saúde da categoria, o Postal Saúde.
“O percentual de 30% foi definido no julgamento do dissídio coletivo. Caso o ataque continue vamos paralisar as atividades no dia 30 de janeiro”, afirmou Edimar Ferreira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e suas Concessionárias, Permissionárias, Franqueadas, Coligadas e Subsidiárias no Estado de Goiás (Sintect).
Edmar deu essa informação no programa Antena Ligada desta terça-feira (14), que vai ao ar pela Rádio Trabalhador (www.radiotrabalhador.com.br) de segunda a sexta-feira, das 10 às 11 horas e hoje teve no comando a jornalista Laryssa Machado.
Como o Judiciário está em recesso, as federações e sindicatos acreditam que o aumento na coparticipação foi uma estratégia para que os ecetistas saiam do plano de saúde, uma vez que foi dado um prazo para que os trabalhadores se manifestem. “Atualmente o plano de saúde é um dos obstáculos para que a estatal seja vendida, mas o maior impeditivo é o fato da Constituição Federal determinar que a manutenção e prestação do serviço postal compete à União”, esclarece Edimar.
A Federação Nacional dos Trabalhdores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) orienta que os trabalhadores não assinem nada e nem saiam do plano de saúde. A assessoria jurídica da entidade está tomando as devidas providências para barrar esse ataque e entrando com um pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) e no TST.
A diretoria da Fentect definiu o seguinte calendário:
• 15/01/2020 – Reunião da diretoria colegiada da federação;
• 16/01/2020 – Reunião da diretoria colegiada com a participação dos sindicatos filiados;
• 29/01/2020 – Assembleia para votar o indicativo de greve;
• 30/01/2020 – Indicativo de paralisação.
“A dívida do Postal Saúde hoje ultrapassa os R$ 300 milhões. Com isso, temos poucos profissionais credenciados e no interior a situação é ainda mais precária”, denuncia Edimar, que também está preocupado com mais um Programa de Demissão Voluntária (PDV) que a direção da ECT anunciou para junho. “O último concurso para os Correios foi em 2011. Desde então muitos saíram e esse quadro não foi recomposto. Por isso as correspondências demoram a chegar na casa dos brasileiros. É mais uma estratégia para convencer a opinião pública da suposta necessidade de privatizar”.