
Servidores públicos federais, estaduais e municipais, organizados pelo Coletivo das Três Esferas da CUT, participaram, em Belém do Pará, no último dia (15), da histórica Marcha Global pelo Clima, que reuniu 70 mil pessoas pelas ruas da capital do Brasil durante a COP 30. A mobilização, que contou com a presença de centenas de movimentos sociais e sindicais do campo e da cidade e das organizações dos povos indígenas, quilombolas e de povos e comunidades tradicionais, foi organizada pela Cúpula dos Povos e pela COP das Baixadas. Entre as principais reivindicações estavam a demarcação de terras indígenas e quilombolas; o fim da dependência de combustíveis fósseis; financiamento climático; taxação dos super-ricos; fortalecimento da agricultura familiar; preservação de rios e florestas; e a defesa de serviços públicos gratuitos e universais para todas e todos.
Com a faixa “Serviço público forte, meio ambiente protegido. Não à reforma administrativa!” e palavras de ordem contra a PEC 3Oitão (PEC 38/2025), os servidores denunciaram, na marcha, o Congresso inimigo do povo. Em vídeo gravado durante a manifestação, o diretor da Condsef/Fenadsef, Edison Cardoni, destacou que “o mesmo Congresso que permite o avanço da flexibilização das legislações ambiental e indigenista também quer aprovar a reforma administrativa que enfraquece os serviços públicos”.
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No último dia (14), o Coletivo das Três Esferas da CUT também realizou, no Espaço Mundo do Trabalho da Cúpula dos Povos, um seminário que reafirmou à COP 30 que, sem serviço público e sem servidor valorizado, não há proteção ambiental nem soberania nacional. A articulação das entidades cutistas garantiu ainda a inclusão da defesa dos serviços públicos na declaração final da Cúpula dos Povos, que será entregue à COP 30. O documento afirma que “a privatização, mercantilização e financeirização dos bens comuns e dos serviços públicos contrariam frontalmente os interesses populares. Nestes marcos, as leis, instituições de Estado e a imensa maioria dos governos foram capturados, moldados e subordinados à busca do lucro máximo pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais. São necessárias políticas públicas para avançar na recuperação dos Estados e enfrentar as privatizações”.
O documento também reconhece a centralidade das políticas públicas para o atendimento das pautas dos movimentos sociais que, em seu conjunto, são executadas por servidores e servidoras públicas. Entre elas destacamos: a) a demarcação e proteção das terras e territórios indígenas e de outros povos e comunidades locais; desmatamento zero; fim das queimadas criminosas; e políticas de Estado voltadas à restauração ecológica e à recuperação de áreas degradadas e atingidas pela crise climática; b) concretização da reforma agrária popular e fomento à agroecologia para garantir soberania alimentar e combater a concentração fundiária; c) enfrentamento ao racismo ambiental e construção de cidades justas e periferias vivas, por meio da implementação de políticas e soluções ambientais; d) consulta direta, participação e gestão popular das políticas climáticas nas cidades, para enfrentar a atuação das corporações do setor imobiliário, que têm avançado na mercantilização da vida urbana.
O Coletivo das Três Esferas da CUT encerrou sua participação na COP 30 com o sentimento de dever cumprido e a certeza de que a luta por mais e melhores serviços públicos, contra a reforma administrativa, continua a todo vapor nos Estados e em Brasília.
Coletivo das Três Esferas da CUT
