
A imposição de novas tarifas sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump em 9 de julho, representa mais do que uma medida comercial: trata-se de um ataque direto à soberania econômica do Brasil, avalia o Dieese. Com sobretaxas de até 50% e ameaças a empresas que tentarem contornar a barreira tarifária, os EUA buscam pressionar o país a adotar mudanças políticas e regulatórias, interferindo em decisões internas do Estado brasileiro.
Segundo nota técnica do Diesse, o argumento de Trump de que o Brasil impõe restrições comerciais aos produtos americanos é infundado. Desde 2009, os EUA mantêm superávit na balança comercial bilateral. Ainda assim, setores estratégicos, como aço, alumínio, automóveis e semicondutores foram os principais alvos do tarifaço.
A análise do Dieese destaca que a ofensiva americana tem fundo político, articulando interesses comerciais e ideológicos. Na carta pública enviada a Lula, Trump questiona a atuação do STF, critica a regulação das redes sociais e menciona o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, sinalizando um uso da política externa para pressionar países considerados “inconvenientes”.
Além dos impactos diretos sobre exportações — especialmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que concentram 62% das vendas para os EUA —, o Dieese alerta para a fragilidade estrutural da pauta exportadora brasileira, centrada em commodities e produtos com baixo valor agregado, muitos deles dependentes de insumos importados dos próprios EUA.
Diante do cenário, o Dieese defende que o Brasil adote uma estratégia de defesa ativa: diversificar mercados de importações e exportação, estimular a produção nacional, reorientar a produção para o mercado interno, subsidiar a transição produtiva, utilizar estatais e instrumentos de política fiscal e de crédito e fortalecer alianças internacionais, como os Brics e o Mercosul, para construir alternativas comerciais. “Não se trata apenas de resistir ao tarifaço, mas de construir um novo modelo de desenvolvimento, menos vulnerável e mais soberano”, conclui o órgão.
Confira aqui íntegra dessa síntese especial divulgada pelo Dieese
Condsef/Fenadsef