
A tentativa do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de fazer avançar a reforma administrativa encontrou um muro de resistência na própria Casa. Com o mínimo de assinaturas para ser protocolada e marcada por uma série de retiradas de retiradas de apoio nos últimos dias, a proposta naufragou politicamente antes de chegar ao plenário.
Nos corredores do Congresso, líderes partidários avaliam que a reforma perdeu o momento e dificilmente prosperará sem uma mudança no cenário político. Deputados do Centrão já consideram o tema “fora de pauta” e enxergam pouca disposição do governo em defendê-lo.
A leitura majoritária é de que, em ano pré-eleitoral, não há espaço para discussões que possam gerar desgaste com categorias organizadas ou alimentar tensões. A ausência de apoio explícito do Palácio do Planalto e a boa avaliação do governo Lula (PT) reforçam esse quadro.
O resultado é um isolamento de Motta, que tentou transformar a reforma em uma marca de gestão. Sem o apoio do governo nem o respaldo do Centrão, o presidente da Câmara perdeu o eixo político que sustenta grandes votações.
Mesmo congressistas que defendem a necessidade da reforma reconhecem que a discussão foi lançada fora de tempo. O consenso é que reformas estruturais exigem capital político e liderança, dois elementos que hoje não existem no Congresso. “Esse tipo de pauta só anda com força de governo e coordenação de base. Nenhum dos dois existe neste momento”, avaliou um líder da Câmara.
A perspectiva é de que a reforma administrativa fique paralisada até o próximo ciclo de governo, a partir de 2027.
Carta Capital