Em greve desde o dia 29 de abril, os servidores federais da cultura no Amazonas seguem mobilizados em defesa da criação do Plano de Carreira da Cultura (PCCULT), com apoio do Sindsep-AM. Na quarta-feira (21), o movimento ganha um novo capítulo com a participação dos trabalhadores no “Seminário Diálogos Cultura e Economia”, promovido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O objetivo é ampliar a visibilidade da paralisação, reforçar o diálogo com a sociedade e mostrar que a cultura também é trabalho – e precisa ser valorizada.
A presença dos grevistas no evento é estratégica. Eles estarão nos dois turnos do seminário, manhã e noite, com materiais informativos e faixas que explicam os motivos da paralisação. A ideia é transformar o encontro acadêmico em uma oportunidade de conscientização sobre a situação do setor, que enfrenta décadas de abandono institucional, falta de pessoal e sobrecarga de trabalho.
A ideia é aproveitar esse espaço de reflexão para mostrar que por trás da cultura há servidores públicos que garantem o funcionamento de museus, arquivos, bibliotecas e ações de preservação do patrimônio. É importante que a universidade, os estudantes e a sociedade entendam isso.
O evento da UEA é organizado por alunos do curso de Ciências Econômicas, com apoio do Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas (PPGICH), e tem como tema central a relação entre cultura, economia e território. Para os servidores, trata-se de um momento simbólico, que reforça o elo entre políticas culturais e desenvolvimento regional — exatamente o que o PCCULT pretende valorizar ao estruturar a carreira dos trabalhadores do setor.
Mobilização nacional no Rio de Janeiro
Amanhã, terça-feira (20), o movimento grevista ganha visibilidade nacional com um grande ato público na reinauguração do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, onde está confirmada a presença do presidente Lula. A manifestação será realizada a partir das 15h, com a participação de servidores da cultura de diversos estados, que levarão faixas, camisas, músicas e palavras de ordem para cobrar a criação do PCCULT. A ação, organizada pelo Sindisep-RJ com apoio de coletivos e entidades de vários segmentos, quer deixar claro que a valorização dos trabalhadores é essencial para a reconstrução das políticas culturais no Brasil.
Diálogo com outras categorias
Na sexta-feira (23), às 9h, os servidores em greve também estarão no Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas (Sinteam), onde serão recebidos pela presidente da entidade, Ana Cristina Pereira Rodrigues. O encontro visa fortalecer os laços entre categorias do serviço público e buscar apoio político para a greve, que tem repercussão nacional e já foi aderida por trabalhadores da cultura em ao menos 22 estados e no Distrito Federal.
O Sindsep-AM tem apoiado ativamente o movimento, participando das ações de rua e defendendo a urgência da criação do plano de carreira. Conforme a diretoria da entidade, sem servidores, não há política pública de cultura que funcione.
A greve nacional é coordenada pela Condsef/Fenadsef e cobra do Ministério da Gestão e Inovação (MGI) o retorno das negociações sobre o PCCULT, cuja proposta foi entregue ao governo ainda em 2024, sem que até hoje tenha havido qualquer avanço concreto.
Enquanto o governo adia reuniões, os servidores seguem firmes na mobilização — ocupando espaços, construindo pontes e lembrando que cultura também é um direito público, que depende de quem trabalha para existir.


Ascom/Sindsep-AM